Tem muito tempo que eu gosto de maquiagem. Mas muito tempo mesmo… Tipo metade da minha vida. Uma relação linda de amor e diversão kkkkkk Exceto por um detalhe: eu só comecei a ter coragem de falar que eu gostava de maquiagem há uns cinco anos…
Eu tinha vergonha de falar que eu gostava de maquiagem, pois sabia que no momento que eu falasse isso eu seria enquadrada no esquema de mulherzinha, fútil, submissa e sem opinião.
E não, esse olhar de muita gente quando eu falo que adoro e trabalho com maquiagem não mudou não, a única coisa que mudou fui eu, que não me importo mais. Pelo menos não muito.
Mas eu acho engraçado que em pleno 2015 uma pessoa possa ser considerada fútil por gostar de alguma coisa. E sim, maquiagem é uma futilidade, mas não quer dizer que por eu gostar deste assunto eu não possa me interessar por mais nada né… Eu assumo que eu gasto/invisto um bom dinheiro em produtos, mas não existe uma pessoa que eu conheça que não gaste um pouco com futilidades, sejam elas quais forem e de quais valores forem também. A futilidade pode estar presente até em comprar livros, que às vezes ficam só enfeitando a prateleira (sim eu já ouvi isso algumas vezes…).
Ah um tempo atrás eu estava conversando sobre política com amigos até que uma pessoa (que eu gosto bastante) disse: Ah mas eu não quero conversar sobre política com você! Quero dicas de beleza. Eu tenho consciência que a pessoa que falou isso não quis me ofender, mas foi inevitável não ficar ofendida né!?! Como assim?!?! Eu me interesso, leio e estudo tantas outras coisas e você acha que só vale a pena conversar comigo sobre isso? Ah vá!!!
E gente não vou falar de política ou outros assuntos polêmicos aqui tá. kkkk Cada coisa no seu lugar! hahaha
Há um tempo fui fazer uma maquiagem para umas fotos e estava conversando com a modelo e a fotógrafa, as três fãs assumidas de maquiagem, e falávamos do quanto ainda é difícil pra muita gente entender que a gente não se maquia pra ter aprovação dos outros, ou pra se transformar num bibelô. A gente se maquia, se cuida, se produz pra gente. Porque é gostoso, divertido. E se você se arruma se produz só por causa dos outros você não é uma criminosa nem nada do tipo, mas precisa pensar até que ponto você não está se fazendo coisas que podem ser legais pelos motivos errados. A gente tem que pensar sempre na gente primeiro, pois se a gente não se amar, se cuidar (do nosso corpo e da nossa cabeça) fica muito mais difícil a gente fazer o mesmo pelo outro. Eu se que quem é mãe (eu não sou), está num momento diferente de entrega e cuidado com o outro. Mas mesmo assim acho que cuidar de você mesma é importante, porque se você não está bem, não tem santo que faça sua casa estar em harmonia, por mais limpa e organizada que ela possa estar.
Não é por gostar de maquiagem que eu sou uma mulher machista, muito pelo contrário. Feminista não precisa ter pelo no sovaco (mas pode ter sim, se quiser, e se ficar feliz com isso), e nem odiar todos os homens. Os homens machistas que me julgam incapaz de estacionar o carro entre outras coisas ridículas do tipo eu ainda odeio kkkkkk Mas um dia conseguirei ignorá-los.
Eu não sou frágil por gostar de maquiagem, por cuidar do meu cabelo ou fazer as unhas. Na verdade eu nem tive a possibilidade de ser frágil na minha vida, senão seria simplesmente esmagada. Então pra mim, me cuidar sempre foi uma coisa de dar valor para aquele momento mesmo.
Acho engraçado que ainda hoje tudo seja rótulo. Tudo é enquadrado. Mas não é por viver numa sociedade que rotula tudo, que você precisa vestir esses rótulos. Então eu não me sinto burra ou fútil por gostar de maquiagem, e também não acho que só por não se importar com a própria aparência muita gente que eu conheço não seja fútil. No fundo é essa mania de olhar as coisas só pela superfície que enche o saco. O ser humano é múltiplo, complexo e maravilhoso, e rótulo só serve pra indústria saber como fazer a gente gastar o nosso dinheiro com eles, a gente tem que aprender a não se contaminar por essas doenças dos dias de hoje.
Eu acho engraçado que até na própria maquiagem existe esta divisão. Se você trabalha com maquiagem social você é menos informado, intelectualizado do que alguém que trabalha com maquiagem artística, essa divisão não é explícita, mas ela esta ali acontecendo de forma velada o tempo inteiro. E gente maquiagem artística é muito legal, tem várias áreas e estilos diferentes, artistas incríveis, enfim um mundo! Mas não é por conta disso que a maquiagem social não tem o seu valor, e que o artista que trabalha com maquiagem social é um afetado que só quer saber de revista CARAS.
Resolvi escrever um pouco sobre isso hoje pois mesmo já tendo isso como algo resolvido pra mim ainda me decepciono quando vejo algumas pessoas próximas com essa atitude. Mas faz parte da vida né…
Ah e se você gosta só de maquiagem, unhas e cabelos não tem nenhum problema… Mas eu te aconselharia a começar a procurar outras coisas legais pra se interessar também. Tem muita coisa/gente legal nesse mundo pra gente só falar e fazer toda a vida a mesma coisa.
E pra vocês como é isso? Já passaram por este tipo de julgamento?
